Até opositores da gestão de Dilma Rousseff reconhecem que a presidente está atenta ao que ocorre em Defesa, tendo atuado em diversas partes, especialmente no fortalecimento das Empresas Estratégicas de Defesa – decisão fundamental para evitar desnacionalização no setor. Recentemente, o governo anunciou que empresas dos setores aeroespacial e de defesa vão receber, já neste ano, novo incentivo para o desenvolvimento de projetos e produtos. Serão R$ 291 milhões não reembolsáveis que beneficiarão estudos, absorção de tecnologias, sistemas de vigilância e supervisão de bordo. Trata-se do plano Inova Aerodefesa, que tem o objetivo de impulsionar a produtividade e competitividade do setor.
O projeto é parte de um programa maior do Governo Federal chamado Inova Empresa, que prevê a articulação de órgãos, entre eles o Ministério da Defesa (MD), para dar apoio financeiro a projetos por meio de instituições de fomento. Os recursos vêm da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Fundo Tecnológico (Funtec) do BNDES. Entre as instituições apoiadas pelo Inova Aerodefesa estão Embraer – é a preferida do governo – Avibras, Odebrecht e Imbel. Estão previstas propostas sobre comunicações submarinas e sonar nacional; visão multiespectral para veículos blindados; radares; desenvolvimento de fibra de carbono; e bateria de uso militar. Os departamentos de ciência e tecnologia das Forças Armadas vão trabalhar em conjunto com as empresas contratadas.
O setor recebeu muito bem, como não poderia deixar de ser, a decisão, muito boa no sentido de impulsionar a inovação. O Brasil tem muitos engenheiros capacitados à inovação. Um exemplo de nossa capacidade está no sucesso do programa da Marinha de desenvolvimento do míssil antinavio nacional. Mas os observadores estão atentos e detectam problemas. Frisam que de nada adianta ter o produto novo, realmente brasileiro, se os orçamentos para o setor de defesa ficam congelados, contingenciados ou cortados. Diz uma fonte: “O comprador desses novos produtos é o próprio governo, através das Forças Armadas, que sempre sofre cortes no orçamento. E, se o próprio governo não compra, fica difícil exportar”. E acrescenta que o Brasil está perdendo mercado na América do Sul, em razão da política bolivariana de dar colher de chá a países menos pujantes.
A construção naval tem a quarta maior carteira de encomendas do mundo, mas o Brasil comprou lanchas para Marinha e Exército na Colômbia. A própria Emgepon, uma respeitada empresa do Ministério da Defesa, vai usar o projeto colombiano no navio de patrulha fluvial, mesmo estando o Brasil muito à frente no segmento.
A União das Nações Sulamericanas (Unasul), uma espécie de Organização dos Estados Americanos (OEA) sem os Estados Unidos, já definiu qual avião de treinamento irá usar: a aeronave Unasul I, equipamento produzido pela Fábrica Argentina de Aviones Brigadier San Martín. Quatro empresas nacionais estão credenciadas a suprir o avião a ser montado na Argentina: Novaer, Akaer, Flight Technologies e Avionics. Mas, com a crise da dívida, não há muito entusiasmo de parte dos fabricantes brasileiros para o Unasul I.
Fonte: Monitor Mercantil/Sergio Barreto Motta
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