Governo quer converter o Brasil em grande exportador mundial de produtos de defesa
Rio de Janeiro, 21 nov (Xinhua) -- O governo brasileiro anunciou nesta quinta-feira que pretende converter-se em um grande exportador de produtos de defesa a nível mundial, com a previsão de quadruplicar as vendas ao exterior em apenas três anos.
Segundo o secretário de produtos de Defesa do Ministério da Defensa, Marcos Degaut, as exportações do setor saltaram este ano de 900 milhões de reais (US$ 215 milhões) a 1,5 bilhão de reais (US$ 360 milhões) e a previsão é chegar a 6 bilhões de reais (US$ 1,43 bilhão) em 2022.
Em palestra no Encontro Nacional do Comercio Exterior (Enaex), realizado no Rio de Janeiro, Degaut ressaltou que a produção brasileira nesta área é variada e inclui desde aviões de treinamento, aviões de ataque leve, sistemas de controle de tráfego aéreo até sistemas de defesa.
"Como se diz no jargão militar, do alfinete ao foguete", disse Degaut. Para ele, o Brasil perdeu mercados importantes neste setor desde a década de 80 e agora o Ministério da Defesa trabalha em um planejamento estratégico para reduzir os gargalos que impedem o crescimento das exportações.
De acordo com o oficial, parte das dificuldades é que o segmento não é visto como importante para a economia nacional. "De forma geral a sociedade brasileira não entende o que chamamos de economia de defesa, ou seja, a parte industrial de defesa como geradora de empregos altamente qualificados e de renda".
"É um setor que tem um efeito multiplicador sobre a economia muito grande, que gera um salto qualitativo em termos de desenvolvimento tecnológico muito grande, que arrecada tributos, royalties, divisas, que tem potencial exportador", afirmou.
Segundo o secretário, para cada real (US$ 0,23) investido nessa indústria o retorno é de quase 10 reais (US$ 2,4). "É importante que se discuta esse setor. Que se entenda a importância da economia de defesa para a economia nacional e para o comércio exterior brasileiro. O efeito multiplicador é de 1 para 9,8, ou seja, cada real investido na base industrial de defesa gera em retorno 9,8 reais. Não existe nenhum outro setor com esta rentabilidade", acrescentou.
Degaut informou que o Ministério da Defesa junto a atores privados, como a Associação Brasileira de Materiais Bélicos e o Sindicato de Materiais de Produtos de Defesa, tem implementado um grande planejamento estratégico que identificou os gargalos, a natureza deles e o que fazer para eliminá-los.
"Uma política que é integrada e sistemática no sentido da eliminação ou mitigação de todos os obstáculos à produção de produtos de defesa. Os resultados já estão surgindo. A média histórica de exportação de produtos de Defesa nos últimos cinco ou dez anos foi da ordem de 900 milhões de reais (US$ 215 milhões) ano e já estamos nos aproximando este ano de 1,5 bilhão de reais (US$ 360 milhões)", enfatizou.
"Ainda é pouco, podemos chegar facilmente a 6 bilhões de reais, mas é um caminho e pretendemos chegar lá em muito pouco tempo. Essa é uma orientação do presidente da República", destacou.
O secretário disse ainda que o setor tem uma peculiaridade. As vendas são feitas entre governos.
"Essa é uma peculiaridade do setor de defesa. Os negócios são de governo a governo. Não se vende produtos de defesa para o setor privado. O governo vende para outro governo. Só quem tem esses produtos são governos".
Créditos XINHUA, publicado originalmente em - http://portuguese.xinhuanet.com/2019-11/22/c_138575326.htm
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