Programa brasileiro de vigilância das fronteiras causa prejuízo a organizações criminosas
Por Andréa Barretto/Diálogo
Agosto 19, 2020
Em junho de 2020, o Brasil bateu recorde de apreensão de drogas por meio de uma das suas principais operações de fiscalização das fronteiras, a Operação Hórus. Foram 121 toneladas de diferentes tipos de entorpecentes, barrados em sua circulação criminosa por agentes de segurança e militares em diversos pontos do país.
Somente em uma das apreensões realizadas foram recolhidas 25 toneladas de maconha. A ação teve participação da Polícia Federal e da Polícia Militar do Paraná e ocorreu no dia 11 de junho. A carga estava escondida em meio a grãos de soja em um caminhão que transitava pela Rodovia BR-487, conhecida como rota do tráfico, entre o Paraguai e o Brasil.
“A Operação Hórus está presente, atualmente, em oito dos 11 estados de fronteira existentes no Brasil, de forma permanente, progressiva e constante. É por meio dessa ação que consolidamos o programa VIGIA [vigilância, integração, governança, interoperabilidade e autonomia]”, afirmou Eduardo Bettini, coordenador geral de fronteiras do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
A iniciativa do MJSP tem como principal objetivo oferecer mais segurança, realizando um maior controle das regiões que fazem limite com outros países. “Em última instância, também buscamos descapitalizar as organizações criminosas. Isso é muito importante, porque sabemos que o motor dessas organizações é o lucro fácil por meio da venda ilícita de produtos”, explicou Bettini.
O programa VIGIA começou a desenvolver suas primeiras atividades em abril de 2019. Desde então, de acordo com o coordenador, calcula-se que as apreensões de drogas, armas, veículos, lanchas e outros itens, através da Operação Hórus, tenham causado um prejuízo de aproximadamente US$ 197 milhões a organizações criminosas transnacionais. “Esses números estão bem acima do que prevíamos. Antes do programa, a gente vinha apreendendo de 12 a 15 toneladas de drogas por mês. Com o programa, dobramos essa quantidade”, afirmou Bettini.
Capacitação e melhoria da infraestrutura
Para que o trabalho dos agentes de segurança envolvidos com a Operação Hórus possa ser melhor desenvolvido, o programa VIGIA se apoia em capacitação e aquisição de equipamentos e sistemas.
A capacitação é realizada em parceria com outras instituições. Entre essas está o Comando Sul dos EUA, que realizou, em novembro de 2019, cursos de desenho operacional e planejamento conjunto.
As aquisições de equipamentos e sistemas proporcionam melhores condições de atuação para os agentes. Em junho, foi concluída a primeira etapa de instalação dos equipamentos de comunicação de rádio do programa VIGIA no Amazonas, que serão levados para mais cinco localidades da região amazônica. “O sistema usado é fruto de uma parceria com o Exército Brasileiro. É o mesmo que eles utilizam, de forma a permitir uma integração na nossa comunicação”, explicou o coordenador geral de fronteiras.
Além dos equipamentos de comunicação, estão sendo adquiridos itens como uniformes, armamentos, binóculos termais, embarcações blindadas e ativos eletrônicos como sensores e drones, que serão usados para aumentar a capacidade de observação, já que as regiões de fronteira brasileiras se tratam, muitas vezes, de zonas amplas e de difícil acesso.
Junto com o Amazonas, o material de comunicação já começou a ser distribuído também para o estado do Paraná. A intenção do programa VIGIA é revezar a instalação de equipamentos entre estados mais ao norte e estados mais ao sul até completar todo o contorno fronteiriço do país.
Créditos Diálogo, publicado originalmente em - https://dialogo-americas.com/pt-br/articles/programa-brasileiro-de-vigilancia-das-fronteiras-causa-prejuizo-a-organizacoes-criminosas/
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