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 TEORIAS DA “ZONA DE PAZ” E DA “INTERDEPENDÊNCIA PACÍFICA”

Pinto Silva Carlos Alberto[1]

Discussão necessária no momento que governo, políticos, e a própria sociedade emitem opiniões contra as Forças Amadas e sua existência

1.  GENERALIDADES

A crescente proliferação de armas de destruição em massa, o auge da aplicação de tecnologias civis para fins militares e a debilidade de todos os sistemas anti e contra essa proliferação apontam, conjuntamente, à possibilidade de guerras “pequenas” crescerem e se tornarem maiores e mais horríveis e atravessarem as fronteiras, incluindo as da chamada “Zona de Paz” e atingirem países em regiões cobertas pelo mito da “Interdependência Pacífica”.

Cada vez torna-se mais difícil proteger partes do sistema global da desorganização ou destruição que se vive em outras zonas.

As massas de imigrantes se infiltram pelas fronteiras, a contaminação e os desastres não respeitam as linhas divisórias entre países e suscitam inquietude política, e outras perturbações regionais em perspectivas, trazem uma série de novos problemas genéricos, sendo que qualquer um deles poderia explodir em um conflito a qualquer momento.

Há, portanto, que se discutir se no mundo atual é possível se manter o mito da “Zona de Paz” e da “Interdependência Pacífica”.

2.  QUEBRA DE FRONTEIRAS.

A economia baseada na era do conhecimento e da informação, com sua indústria e serviço, ignora cada vez mais os limites nacionais existentes. Os meios de comunicação e informação (Televisão e a ‘internet’) proporcionam um apoio cultural às forças tecnológicas e econômicas, invadindo países sem considerar seus limites, de modo que as mudanças simultâneas, desde cima e de baixo, mínguam a razão de ser dos mercados nacionais e das fronteiras que os justificam.

Há a possibilidade futura, ainda mais estranha, quando as atuais Fronteiras Nacionais perderão sua legitimidade e os adversários começarão a atuar no coração mesmo da chamada “Zona de Paz”.

3.  DIPLOMACIA OBSOLETA.

As velhas ferramentas da diplomacia se revelaram obsoletas, juntamente com a ONU e muitas outras Instituições Internacionais como a OEA.

O mundo se acha intensamente induzido por agentes não nacionais como empresas globais, movimentos políticos que superam as fronteiras, movimentos religiosos, e ativistas ligados ao Meio Ambiente, como o Greenpeace.

As Instituições Internacionais incapazes de incorporar, cooptar, debilitar ou destruir as novas frentes não nacionais de poder, acabaram por tornarem-se irrelevantes.

4.  A AMEAÇA DA INTERDEPENDÊNCIA.

É preciso discutir o mito tranquilizador surgido ao calor da noção da “Zona de Paz” e da “Interdependência Pacífica”.

Os geoeconomistas, e outras personalidades e entidades, podem argumentar que os conflitos militares mínguam quando as nações se tornam mais dependentes uma das outras no comércio e nas finanças. É bom lembrar que quando a Alemanha e a Grã-Bretanha se lançaram à guerra em 1914, cada uma delas era associado comercial mais importante do outro, e ainda, mais recentemente, as discordâncias entre a Alemanha e Polônia no âmbito da OTAN.

Muito importante, contudo, menos observado, é que se a Interdependência Pacífica cria laços entre as nações, também torna o mundo muito mais complexo.

Regulamentações ambientais no Brasil são suscetíveis de modificar o preço da madeira, dos alimentos, e dos produtos pecuários em vários países, principalmente na América Latina.

Quanto maior seja a Interdependência mais serão os países comprometidos e mais ampliadas e ramificadas as consequências.

Contratempos, de toda ordem, e mesmo que pontuais, podem desempenhar, também, um papel relevante nessa interdependência. Consequentemente, crescem vertiginosamente os riscos de resultados inimagináveis e multiplicam-se os erros de cálculo político.

A Interdependência, em suma, não tem que fazer forçosamente mais seguro o mundo, e, muitas vezes, significa justamente o contrário.

5.  CONCLUSÃO.

Hoje em dia se tornam muito duvidosos os pressupostos em que se baseia a Teoria da Zona de Paz: o desenvolvimento econômico, a inviolabilidade das fronteiras, a estabilidade política, o tempo para negociações e consultas, e a eficácia das Organizações Intuições Internacionais.

Esse ambiente presunçosamente confortável pode, a qualquer momento, evoluir para um recinto de conflito armado.

Para reduzir o risco da surpresa com a mudança repentina de cenário, temos que nos mostrarmos seriamente realistas às Transformações da Guerra, Antiguerra e, ainda, céticos com as Teorias da “Zona de Paz” e da “Interdependência Pacífica” entre países, enquanto o Brasil, como nação soberana e independente deve procurar manter suas Forças Armadas em condições de fazer frente a essas possíveis ameaças.

 

Fonte de consulta.

- Ideias retiradas do livro: LAS GUERRAS DO FUTURO – La supervivência em el alba del siglo XXI. Alvin y Heidi Toffler. Publicado em 1993. Título original: War and Anti-War.



[1] Carlos Alberto Pinto Silva / General de Exército da reserva / Ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Ex-comandante do 2º BIS e da 17ª Bda Inf Sl, Chefe do EM do CMA, Membro da Academia de Defesa e do CEBRES.

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